Gênio Criador Editora

Cartas ao desconhecido, de Luan Magustero

‘O que poderia alguém hoje escrever à vida, se não uma carta?!’, reflete Luan Magustero

Autor paulista lança “Cartas ao desconhecido ou Vida sem palavras a dizer” pela Gênio Criador Editora

Por Danilo Moreira

“(...) tu encontrarás nestas cartas e poemas palavras imanentes e que ainda não se extinguiram com a vida. E as que aqui no encontro, as que resistem, necessitam se copular e prenhar.”

O trecho, extraído da apresentação de Cartas ao desconhecido ou Vida sem palavras a dizer, traz um pouco do espírito da obra, escrita por Luan Magustero e publicado pela Gênio Criador Editora.

A obra reúne poemas e cartas com reflexões sobre diversos aspectos da vida, que geram identificação no leitor(a) desconhecido(a), a quem comumente os versos e palavras são dirigidos ao longo das páginas.

Capa de

Luan mora em Arujá, a cerca de 40 km de São Paulo. Além de escritor, é psicólogo, possui formação em Filosofia, além de ser músico e compositor. A Gênio Criador Editora conversou com o autor para saber um pouco mais sobre o livro e sua carreira. Confira a entrevista a seguir:

Há quanto tempo você se dedica à escrita e como começou?

Eu me dedico desde quando comecei a fazer poemas nos tempos da escola. Essa constância só me acontecia repentinamente, talvez aí eu notei um pouco do que é escrever. Depois, alguns desses poemas, ou anotações, transformaram-se em letras de música na adolescência.

O livro parece um desejo de quem viu muito da vida e deseja ecoar o que sente para todos. Seria isso?

Não ecoar o que “sinto”, de uma maneira sentimental, sentimentalista; poesia não é esse haurir, pelo contrário, é um sentir o que se ecoa no mundo, na vida. E o que hoje se ecoa da vida? Talvez a vida esteja se esvaziando, pois todos estão furtando para dentro de si mesmo, o que não nos pertence.

Eu não sei se vi muito da vida, mas vejo que hoje procuramos olhar o mundo com os olhos de outro. Procuramos esse olhar para seguir o nosso caminho individualmente, ou seja, seguimos nossa vida com olhos que não são nossos — logo eles que não podem ver o que está ao nosso redor, no agora, no passado, olhos que te lançam pra um futuro quem nem se enxerga. E esses olhos alheios, além de te deixarem cego, te deixam surdo, não se escuta quem está na sua presença. Então como podemos ver a vida hoje?

Como surgiu a ideia do livro?

Simplesmente, chegou a hora para tal, além de reunir poemas e escritas antigas, escrever cartas e poemas ao desconhecido.

Em um mundo de hiperconectividade e aplicativos de mensagens, qual símbolo a carta representa dentro do contexto do livro e por quê a sua escolha?

Quando se escreve uma mensagem pelo celular, ela geralmente não tem um tempo, uma demora, um cuidado para se escrever; e nela também se sente muito uma preocupação de sobrepujança sobre o outro, uma certa atitude tendenciosa de poder, de dominar, de um cuidado com a sua imagem sobre o outro.

Já uma carta é um trabalho penoso, que precisa de um tempo, de um respiro. Todo o cuidado pra quem se escreve se ressalta ali naquele momento. E depois que se escreve, sempre fica aquilo de que poderia se escrever mais isso ou aquilo, assim seus dias viram essa preocupação com a palavra, com o pensamento. O passado, o presente e o futuro se unem ali no momento e nas palavras da carta. O que poderia alguém hoje escrever à vida, se não uma carta?!

Me fale um pouco sobre a escolha da capa, que inclusive é descrita na sinopse. Qual o motivo dessa escolha?

Um homem, um senhor, pescando, parece que não tem nada a dizer. E pode ser que não tenha mesmo, ou o pouco que ali fala, não temos olhos ou ouvidos para ele. Foi amigo Fabio Kulakauskas que tirou a foto. Além de ele preferir essa foto dentre as que me mostrou, também me disse um pouco sobre a pessoa que está nela, sobre ser um homem simples, e de ter sido simpático, como quase um ancião daquela região.

Você já publicou outros livros? Se sim, quais os títulos e ano de publicação?

Nunca. Eu tenho um blog, e às vezes coloco na internet algumas coisas. Mas "ninguém" lê.

E como tem sido a sensação de publicar um livro seu pela primeira vez?

A sensação é de que não parará por aqui.

Você também trabalha com composição, certo? Pode contar um pouco de como é o processo criativo?

Não tem um processo criativo, o criando é o processo. Geralmente as letras das músicas são trechos de poemas ou anotações. Não consigo escrever por cima de uma melodia meio que de improviso. Já no instrumento eu, ou escuto algo e tento colocar, encontrar ou o próprio instrumento tocando vai me mostrar os caminhos.

A música também influencia na sua escrita?

Não, ao contrário. Eu sinto que a palavra vem antes da música, não antes de maneira de tempo, mas de modo vital.

Como foi a experiência de publicar pela Gênio Criador Editora?

Conheci por meio de um professor que já tinha publicado pela Gênio Criador, e que também conhece a Cleusa Sakamoto [Diretora Editorial]. Ele a apresentou a mim, e no fim ela aceitou o livro.

Se você pudesse escrever uma carta para um(a) escritor(a) ou outro ídolo, quem seria e, resumidamente, qual seria a mensagem?

Eu não tenho um ídolo. Na verdade, eu gostaria de escrever uma carta pra cada pessoa próxima a mim. Algumas já receberam, outras não.

Deixe um convite para os leitores conhecerem mais o seu livro e o seu trabalho.

Eu não deixo propriamente um convite, mas: se deixem ser convidados por ele.

Gostou? O livro será lançado no dia 13 de abril, às 15h, no God Blesser Café (Rua Vanderlei Nasser do Prado, 114), em Arujá. Imperdível!

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