Gênio Criador Editora

12 livros para saber mais sobre a Semana de Arte Moderna de 1922

Publicações contam e refletem sobre os primórdios, bastidores, curiosidades e legados do evento que revolucionou a arte brasileira a partir do século XX

Por Danilo Moreira

O mês de fevereiro marca o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, que aconteceu entre os dias 13, 15 e 17 daquele ano no Theatro Municipal de São Paulo, na capital paulista.

Com uma proposta de fazer uma arte “mais nacional,” o evento revolucionou a cultura brasileira e deixou diversos legados por meio do movimento modernista.

Para celebrar a data, a Gênio Criador Editora selecionou alguns livros que tratam sobre os antecedentes, nuances, curiosidades, consequências, contribuições do evento, além de propor reflexões sobre a Semana e o modernismo brasileiro.

São obras de não ficção e que podem contribuir para quem deseja pesquisar sobre o assunto, ou apenas saber mais sobre esse importante marco histórico brasileiro.

Confira a seguir:

Semana de Arte Moderna de 1922

1. Modernismos 1922-2022, de Gênese Andrade (org.)

A obra traz textos de vários pesquisadores, que revisitam cem anos atrás e refletem sobre os precedentes, legados, avanços e recuos na transgressão cultural brasileira após a Semana de 22.

Os especialistas também analisam o diálogo do movimento com o pensamento feminista, a representatividade do negro e do indígena na produção artística da época, a relevância dos impactos visuais nos materiais comercializados como livros e revistas vanguardistas, além de outras características e influências.

Sâo vinte e nove ensaios inéditos de intelectuais brasileiros consagrados como Miguel Wisnik, Lilia Moritz Schwarcz, Walnice Nogueira Galvão, Regina Teixeira de Barros, entre outros estudiosos.

O livro foi lançado em 2022 pela Companhia das Letras.

2. Semana de 22: antes do começo, depois do fim, de José de Nicola e Lucas de Nicola

O livro traz farta documentação e iconografia sobre a Semana, sendo indicado principalmente para quem está começando a entrar em contato com o assunto.

Os autores discorrem sobre os fatos antecessores, os acontecimentos durante o período, bastidores do evento e reverberações, propondo reflexões sobre o movimento.

Além disso, o especialista em Literatura José de Nicola e seu filho, o historiador Lucas de Nicola, analisam a relação entre a postura vanguardista do modernismo e a reação dos conservadores.

A obra foi lançada pela Editora Estação Brasil em 2021.

3. 1922: a semana que não terminou, de Marcos Augusto Gonçalves

O livro-reportagem reconstitui passo a passo a Semana de 22, abordando os personagens e as jornadas que resultaram no festival. Mas o jornalista vai além de simplesmente discorrer sobre os acontecimentos.

Gonçalves também aborda as polêmicas que surgiram em torno do evento, como a “superioridade” paulista na vanguarda da cultura brasileira ou as tentativas de diminuição da importância histórica das apresentações.

O autor também reavalia a participação do Rio de Janeiro, então capital do país, na modernidade artística daquele tempo, além de revelar a rede de relações pessoais, ampla e complexa de personagens da Semana, composta por “oligarcas, playboys, mecenas, mulheres fatais, imortais da Academia e poetas ‘passadistas’”, conforme consta na divulgação do livro.

A obra foi publicada pela Companhia das Letras em 2012.

4. Semana de 22: entre vaias e aplausos, de Marcia Camargos

A Semana de Arte Moderna foi um delírio ou revolução estética? Alvo de vaias e aplausos do público e da crítica na ocasião, por que o festival continua a despertar interesse até hoje?

Tentando responder a essas e outras perguntas, a especialista mergulha no universo intelectual da época, por meio de documentos históricos e bibliográficos de renome.

Além de contar com a linguagem clara e direta da pesquisadora, a obra possui diversas fotos e ilustrações (algumas raras) sobre a época e as personalidades relacionadas com o evento.

O livro foi lançado em 2002 pela Boitempo Editoral, quando o evento completou 80 anos, mas até hoje é uma das obras de maior referência sobre a Semana de 22.

5. 22 por 22: a Semana de Arte Moderna vista pelos seus contemporâneos, de Maria Eugenia Boaventura (org.)

Imagina o barulho que a vanguardista Semana de Arte Moderna causou naquele ano de 1922 entre intelectuais, críticos de arte, jornalistas, escritores e outros tipos de artistas.

O livro traz uma ideia de como foi essa repercussão ao reunir uma coletânea de textos publicados originalmente em jornais de São Paulo e Rio de Janeiro naquele ano.

Foram debates acalorados e um verdadeiro tiroteio de palavras entre conservadores e vanguardistas, com destaque para nomes como Oswald e Mário de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda, Sérgio Milliet, Plínio Salgado ou Lima Barreto.

Publicada pela Edusp, a edição que costuma ser mais facilmente encontrada nas principais livrarias é a segunda, lançada em 2008.

6. Itinerário de uma falsa vanguarda: os dissidentes, a Semana de 22 e o integralismo, de Antonio Arnoni Prado

Nesse livro, o historiador e crítico de Literatura aborda sobre as várias vertentes estéticas que deflagraram na Semana de Arte Moderna de 1922, bem como os movimentos na década de 1930, caracterizadas por uma posição nacionalista mais radical.

O pesquisador foca em uma linhagem de obras e autores que costumam ser pouco analisados pela crítica, em especial a produção de Elísio de Carvalho (1880-1925), considerada por ele “excêntrica e controversa”.

Dessa forma, o autor analisa a conexão entre literatura e política no período entre a proclamação da República, no século XIX e a consolidação do modernismo, na primeira metade do século XX.

A obra foi lançada em 2010 pela Editora 34.

7. Modernismo em preto e branco: arte e imagem, raça e identidade no Brasil, 1890-1945, de Rafael Cardoso

Nessa obra, o pesquisador em História da Arte procura contestar a associação comum do modernismo a um seleto grupo paulistano, explorando vertentes que ampliam a dimensão do movimento.

Cardoso investiga a modernidade das manifestações da cultura de massas, passando por áreas como a Imprensa ilustrada, a Publicidade e a Música Popular, inclusive o Carnaval. Ele não se limita a São Paulo, mas analisa a produção de outras localidades, em especial o Rio de Janeiro.

Operários (1933), de Tarsila do Amaral“Operários” (1933), de Tarsila do Amaral, é um dos quadros modernistas mais famosos

Assim, a pesquisa passa por vários âmbitos da sociedade brasileira entre 1890 e 1945, e propõe enxergar o modernismo ao permear questões de raça, identidade e outros elementos que contestam as visões mais correntes sobre o nascimento desse movimento.

O livro foi lançado pela Companhia das Letras em 2022.

8. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro, de Gilberto Mendonça Teles

Por mais que o modernismo, principalmente nos primórdios, buscasse se caracterizar por uma “arte puramente nacional”, artistas colheram influências de vanguardas europeias, que já se configuravam por lá desde o século XIX.

Na obra, o especialista reúne manifestos, poemas e conferências vanguardistas publicadas entre 1857 e 1972 no Brasil e no mundo. O autor aborda trabalhos de artistas pioneiros europeus, como Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, Stéphane Mallarmé, André Breton, Vladimir Maiakovski e Tristan Tzara.

Na parte brasileira, o livro traz personalidades como Mário e Oswald de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Murilo Mendes, Décio Pignatari, Wlademir Dias-Pino, entre outros nomes consagrados.

O livro foi publicado há alguns anos e se tornou referência nos estudos sobre o modernismo, mas ganhou uma nova edição ampliada (a 21ª) em 2022, lançada pela José Olympio Editora.

9. O guarda-roupa modernista, de Carolina Casarin

O livro faz um recorte específico para analisar os impactos do modernismo: o vestuário dos protagonistas do movimento, com destaque para o casal Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral — o casal “Tarsiwald”, como apelidou (ou como dizem atualmente, shipou) Mário de Andrade.

A pesquisadora analisa figurinos, fotos, autorretratos, documentos, cartas, textos literários e outros materiais da época para avaliar as relações entre as roupas e a imagem social de figuras protagonistas do modernismo.

O destaque para Oswald e Tarsila no livro se dá pelo fato de serem membros da alta sociedade paulistana e, segundo a autora, por conhecerem bem o valor da moda e das aparências em seu processo de afirmação como artistas, tanto no Brasil quanto na Europa, apropriando-se da moda para deixarem suas marcas.

A publicação é de 2022, lançada pela Companhia das Letras.

10. Anita Malfatti no tempo e no espaço, de Marta Rossetti Batista

Pioneira do modernismo brasileiro, a vida e obra de Anita Malfatti (1889-1964) são retratadas nesse livro, dividido em dois volumes ilustrados, sendo resultado de mais de quatro décadas de pesquisa.

No primeiro volume, intitulado “Biografia e Estudo da Obra”, conhecemos sobre a trajetória de vida e profissional da autora, incluindo fases menos conhecidas de suas pinturas.

O segundo, chamado “Catálogo da Obra e Documentação”, traz uma relação de mais de 1.300 obras da autora, além de listar exposições realizadas e referenciais bibliográficos.

Indicada para historiadores, críticos, artistas e pesquisadores, a obra foi publicada em 2006, em uma parceria entre a Edusp e a Editora 34.

11. Diário confessional, de Manuel da Costa Pinto

O escritor Oswald de Andrade (1890-1954) é um dos expoentes da Semana de 1922 e do modernismo brasileiro. O autor era conhecido pela personalidade forte e pela atitude transgressora.

Entre 1948 e 1954, meses antes de sua morte, o autor escreveu à mão dezenas de cadernos em que registrou o seu cotidiano e vida íntima, além de fazer reflexões de temas filosóficos, artísticos, literários, entre outros.

O livro traz à tona esses conteúdos, que permaneceram inéditos por cerca de setenta anos, mostrando lados até então desconhecidos do artista e ajudando a compreender o cenário sociopolítico e artístico de São Paulo na primeira metade do século XX.

A obra foi publicada em 2022 pela Companhia das Letras.

12. Inda bebo no copo dos outros por uma estética modernista, de Yussef Campos

Ao longo da vida, o escritor Mário de Andrade (1893-1945) escreveu e refletiu sobre a estética modernista.

Campos organizou essa coletânea com obras do escritor então dispersas, publicadas em jornais, revistas, periódicos e livros voltados para a temática da Semana de 22.

A obra está dividida em quatro partes: “Mestres do passado: Glorificação; Francisca Júlia; Raimundo Correia; Alberto de Oliveira; Olavo Bilac; Vicente de Carvalho”; “Prelúdio, coral e fuga”; “Prefácio interessantíssimo”; “A escrava que não é Isaura” e “Textos publicados na revista Klaxon”.

O livro foi publicado pela Editora Autêntica em 2022.

Esperamos essas sugestões de leitura te auxiliem no conhecimento sobre uma data tão relevante para a cultura brasileira.

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Fontes: Guia do Estudante, Rolling Stone, Nexo Jornal, APP Sindicato
Fotos: Domínio Público/Reprodução

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